terça-feira, abril 26, 2011

Intervenção do Camarada Carlos Amaro na Sessão Solene comemorativa do 25 de Abril

"Acto evocativo de Liberdade é para nós, aqui, na vivência democrática e responsável, uma data a sempre recordar.
É esta vivência responsável e democrática que me preocupa, que nos deve preocupar a todos.
Expressões como as que temos ouvido ultimamente de suspender a democracia, de greve à democracia, de ilegitimidade política, de uma nova revolução dogmática. Expressões como estas não encarnam o espírito do acto que hoje aqui celebramos, mais, vão contra aquilo a que muitos dos que aqui estão hoje lutaram e em que todos acreditamos – A liberdade – Esse sim, o verdadeiro significado de Abril.
Dizia o Líder da Bancada Socialista à alguns dias atrás, que no seu regresso à Assembleia da República após 6 anos de interregno, que as diferenças eram muitas. A degradação política por atitudes e palavras, ausência de ideias, os insultos gratuitos e os ataques pessoais, são hoje uma constante. Mas mais grave, é sem dúvida, os interesses nacionais subjugados aos interesses pessoais e partidários. A ânsia de poder, o ataque ao pote, isto sim deixa-me triste e preocupado.
Numa fase tão difícil da nossa história em que uma atitude responsável seria uma união política em prol do interesse nacional, apenas vejo irresponsabilidade daqueles que por todos nós foram eleitos.
A liberdade conquistada em Abril é hoje refém de interesses, de interesses pessoais, partidários, económicos, de protagonismo mediático, de um propósito não legitimado pelo voto.
Figuras de elevada responsabilidade institucional a apelar ao não voto.
Este não foi o espírito de Abril.
Estado Social, um garante essencial conquistado, está hoje em risco. A protecção social no desemprego, na saúde, o regime de segurança social nas reformas e pensões, princípios constitucionais que deveriam ser universais, pilares de uma sociedade mais justa e igualitária, são alvo de conversa fácil e de armas de arremesso político em pretensas revisões constitucionais. A demagogia política e o populismo são hoje uma constante e muitas vezes apoiada numa comunicação social parcial, ela própria influenciada  e influenciável por interesses políticos.
Existem hoje governos já formados, lugares ocupados, quando ainda nem sequer estes foram legitimados pelo povo.
A actividade legislativa, uma actividade tão nobre, está hoje subjugada.

Citando o antigo presidente Americano Lincoln. “O poder é do povo, pelo povo e para o povo. Servir o Povo e não se servirem dele.” E não refém desses interesses supracitados.
Devia esta ser, também hoje, a nossa luta.
Um princípio esquecido de Abril!
A actividade política visa a ordem, a bem comunitário, e não o bem pessoal e partidário. Se estes fossem os princípios da nossa actividade política actual certamente teríamos um melhor justiça, um melhor estado social, uma melhor educação, um melhor regime fiscal e uma saúde financeira diferente. Esta é a realidade presente, mas aguardamos um futuro melhor.
Dificuldades muitas vezes são ensinamentos. O povo português superou-as muitas vezes. O empenho, a dedicação na manutenção e promoção da Liberdade conquistada permite-nos hoje encarar o futuro com outra esperança.
Por certo nós, aqui hoje, estaremos à altura das nossas responsabilidades. A crise que hoje atravessamos desperta valores de entreajuda, de solidariedade.
A visão que tínhamos de um Estado terceiro nas nossas vidas, de meros espectadores da actividade administrativa, tudo isto se alterou.
A nossa participação tem de ser activa, no interesse geral, da comunidade, do bem-estar social.
A importância que devemos dar a este acto – Evocar Abril – tem de ser para todos nós, e para os Português em geral, um acto de consciência cívica e crítica, fazendo votos para que as questões que atrás mencionei sejam as do dia-a-dia, preocupações constantes, no nosso concelho, no nosso País.
Esta é hoje uma das minhas preocupações, esta é hoje uma das preocupações do Partido Socialista do Entroncamento.
Esta será uma preocupação de todos vós e esta é uma das razões para evocar Abril. Viva  o Entroncamento, Viva Portugal, Viva o 25 de Abril. "


segunda-feira, abril 25, 2011

25 de Abril, hoje!

Camarada,
Celebramos a liberdade do povo português!
O 25 de Abril assume hoje um significado nas nossas vidas que necessita de ser pensado, consolidado e reforçado.
Quando abrimos os jornais e vemos a oposição à nossa direita a estender o tapete ao grande capital, com um convite claro à governação do nosso pais pelas mãos das instancias internacionais, promovendo a total subjugação do estado português, negociando com a Troika à revelia do governo e passando uma imagem de desunião que enfraquece a nossa posição enquanto país soberano no processo negocial em curso.
Quando vemos os partidos à nossa direita a caminhar a passos largos no sentido do desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Pública.
 
Quando assistimos a uma investida capitalista sem precedentes contra a nossa constituição com o intuito claro de retirar a proteção social que esta contém e que de forma convicta e justa protege os mais desfavorecidos.  
      
Quando toda a oposição chumba um Programa de Estabilidade e Crescimento estando consciente de que se seguirá uma crise política gravíssima que levará à queda de um governo legitimamente eleito e necessariamente ao agravamento da situação financeira do país, pensando mais nas suas agendas partidárias do que nas necessidades de Portugal.
Quando olhamos para os partidos à nossa esquerda e vemos a total irresponsabilidade que os leva a perseguir moinhos de vento, que os leva a voltar as costas ao FMI e ao FEEF, numa atitude sem sentido de estado e de união em torno das necessidades do país, falando de uma realidade que não existe e que está mais do que provado que também não funciona. Basta ver os exemplos da URSS, ou da China, ou de Cuba ou mais recentemente da Venezuela.
É por tudo isto que se torna urgente reafirmar os valores de Abril, reafirmar os valores da liberdade e da igualdade, mas também afirmar a necessidade de uma inteligência crítica, de responsabilidade social e de humanismo.
Camarada, por tudo o que atrás referi e por tudo o que diariamente se ouve na comunicação social, não é difícil de entender que só um governo forte, com uma base parlamentar alargada, pode trazer Portugal de volta ao caminho certo.

 
Peço-lhe uma reflexão profunda do que pretende para o nosso país e conto com a sua força e empenho para mais uma vez dar a Portugal um governo consciente, com sentido de estado e visão de esquerda da política social.
Viva o Partido Socialista, viva Portugal!
Mário Balsa        

quinta-feira, abril 14, 2011

PS Entroncamento no XVII Congresso Nacional do Partido Socialista

O PS Entroncamento esteve este fim-de-semana, em Matosinhos, no XVII Congresso Nacional do Partido Socialista, tendo sido representado de forma responsável e com alto sentido político pelos nossos camaradas Fernanda Maurício e Ricardo Antunes, no papel de delegados com direito a voto.
Estiveram ainda em Matosinhos, em representação da nossa concelhia, os camaradas João Lérias e Rui Maurício, como militantes convidados e o camarada Mário Balsa, como delegado sem direito de voto.    

Os trabalhos decorreram de forma tranquila e responsável. Com a mesma responsabilidade que leva o PS a encarar a difícil situação política que vivemos, com um projeto definido, claro, sem subterfúgios ou ardis políticos e com uma liderança forte, inequívoca e com a experiência necessária para defender Portugal e construir o futuro.

domingo, abril 03, 2011

Portugal e o FMI

É curioso e incompreensível que o PSD venha agora dizer que apoia o governo no pedido de ajuda externa. Então não era preferível apoiarem medidas que evitassem a entrada do FMI em Portugal? 

Que ânsia é esta que leva o líder do PSD a falar constantemente do auxílio externo?

O que está por traz desta vontade tão forte, também ela fortemente apoiada pelo Presidente da República, e que leva a que se faça cair um governo legitimamente eleito?

Será que estes altos responsáveis pararam para pensar, verdadeiramente, no que aconteceria a Portugal com a estagnação económica em que o chumbo do PEC nos mergulharia?
  
Será que estes altos responsáveis pelo nosso país ainda não pararam para pensar nas contrapartidas que a ajuda externa vai obrigar a que Portugal seja sujeito.

Será que o Presidente da República do alto do seu posto, que já leva cinco anos, mais dois anos de Ministro das Finanças, e mais dez anos de Primeiro-ministro. Não consegue olhar para a Irlanda e ver que o país está pior depois da entrada do FMI? Afinal é professor de economia.
Será que o Professor Cavaco Silva, do alto dos seus 17 anos de política activa e responsabilidades governativas, não consegue aconselhar o seu amigo, líder do PSD, a olhar para a Grécia e a ver o drama social em que o país mergulhou depois das exigências do FMI?

Eu não sei o que pensa muita gente por aí, mas eu não quero que Portugal seja a nova Irlanda, com despedimentos de funcionários públicos em massa. Eu não quero que Portugal seja a nova Grécia, com cortes indiscriminados de 30% nos salários. Eu não quero que Portugal seja a nova Irlanda, com as taxas de Juro nos 9%, mesmo depois da ajuda externa. Eu não quero que Portugal seja a nova Grécia, com juros de 11% depois da ajuda externa. O aumento radical da pobreza extrema, os despedimentos em massa, as falências do tecido empresarial, não são uma opção, não é um Portugal que possamos querer. O FMI em Portugal vai trazer isto sobre todos os portugueses.

A frase do Presidente Lula da Silva ilustra bem o que pode acontecer a Portugal. “O FMI não resolve nenhum problema, só os piora”. Esta frase foi dita pelo presidente que conseguiu colocar o Brasil na linha do crescimento e do progresso.
Se o senhor Passos Coelho está ansioso para governar com o FMI. Eu digo que não estou disponível para ser governado pelo FMI, Portugal não pode estar disponível para ser governado com o FMI.   


Mário Balsa